Arché

Os Pré-Socráticos notabilizaram-se pela busca das origens do ser e do universo a partir dos elementos da natureza, um movimento pioneiro de tentativa de compreensão da realidade a partir do pensamento racional ao invés do pensamento mítico. Neste contexto, Arché seria a origem comum de tudo que existe, o “princípio” eterno e em constante mudança por trás da composição do universo. Os mais notórios dentre os pré-socráticos, entre eles Tales, Anaxímenes e Anaximandro, cada qual tinha sua teoria sobre o que seria o Arché, por vezes um elemento físico como água (de acordo com Tales), por vezes o Ápeiron de Anaximandro.

Escreve José Américo Motta Pessanha:

Os deuses homéricos são fundamentalmente deuses da luz (de díos provém tanto “deus” quanto “dia”) e seu antropomorfismo não diz respeito apenas à forma exterior, semelhante à dos mortais: os deuses são também animados por sentimentos e paixões humanas. A humanização do divino aproxima-o da compreensão dos homens, mas, por outro lado, deixa o universo — em cujo desenvolvimento os deuses podem intervir — suspenso a comportamentos passionais e a arbítrios capazes de alterar seu curso normal. Isso limita o índice de racionalização contido nas epopéias homéricas: uma formulação teórica, filosófica ou científica exigirá, mais tarde, o pressuposto de uma legalidade universal, exercida impessoal e logicamente. Então, abolindo-se a atuação de vontades divinas divergentes, chegar-se-á a um divino neutro imparcial: a divina arché das cosmogonias dos primeiros filósofos. 1

Notas

  1. Transcrito a partir do livro Os Pensadores - Os Pré-socráticos (Editora Abril - 2ª edição, 1978), páginas X e XI.

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